Grande Consumo N.º 93

GRANDE CONSUMO

O sucesso de uma startup alimentar não se mede apenas por rondas de investimento. Mede-se também pela capacidade de criar impacto mensurável ambiental, social e económico. E é essa a bússola que a Unicorn Factory Lisboa procura oferecer aos projetos que apoia, na convicção de que Portugal pode, e deve, ser um centro de excelência em inovação alimentar bemos que o sector Horeca carecia de opções vegetais à altura” , nota Jorge Boabaid. Socorrendo-se de dados da Dig-IN de 2023, aponta que, por cada 42 restau- rantes em Portugal, apenas dois disponibilizam al- ternativas plant-based . E para responder a essa lacu- na, foi criada uma oferta de quinta gama alimentar. “Somos a primeira empresa de quinta gama 100% vege - tal em Portugal — pensada para restaurantes, cafés e ho - téis” , avança. De facto, o mercado plant-based em Portugal ain- da é pequeno, mas está a crescer. O consumidor está mais atento, curioso e exigente, embora ainda haja um longo caminho até que as opções vegetais deixem de ser “alternativas” e passem a ser simples- mente comida. Nesse caminho, a Plantz posiciona- -se como uma marca acessível, descomplicada e positiva, sem moralismos nem barreiras culturais. Fundada em 2021, a marca encontra-se incuba- da na UPTEC (Porto) e na Unicorn Factory Lisboa, que têm aberto portas a parcerias importantes e a investidores. Entre 2023 e 2024, cresceu 100% e, em 2024, 50%. “Esperamos manter o ritmo dos 100%” , avança Jorge Boabaid. O crescimento tem sido acompanhado de perto por programas de acelera- ção e incubação, como o From Start to Table, que ajudaram a afinar a proposta de valor e o modelo de negócio. Mas o crescimento também trouxe desafios, so - bretudo na produção. “Temos interesse em entrar no retalho e na grande distribuição (e ‘convites’ de retalhis - tas), mas a nossa capacidade atual ainda não permite responder a esses canais de imediato. Aliás, até nos ca - nais diretos (e-commerce) temos tido ruturas frequentes” , confirma. “Para superar estes constrangimentos, iniciá -

mos a procura de parcerias com investidores e fundos de corporate venture capital. Já identificámos o parceiro certo e contamos fechar acordo até meados deste ano. Esta colaboração vai desbloquear a nossa capacidade de produção e de distribuição, possibilitando que coloque - mos os nossos SKUs na grande distribuição, até ao final do ano, incluindo também os SKUs de quinta gama” , as- segura Jorge Boabaid. Na Plantz, gosta-se de pensar que se está a abrir caminho para uma nova forma de fazer e consumir comida em Portugal, mostrando que a alimentação plant-based pode ser conveniente, saborosa e nutri- cionalmente completa. “Julgo que podemos ser uma boa referência para novos empreendedores, porque pro - vamos que é possível criar um negócio com propósito e sustentável financeiramente” , declara. Na imaginação dos fundadores da Plantz, estão prateleiras de supermercados e menus de restau- rantes cheios de categorias de alimentos que ainda agora estão a emergir: carnes cultivadas em labo- ratório, lacticínios desenvolvidos por fermentação de precisão, snacks de algas e outras opções plant - -based de qualidade. Um cenário onde, segundo Jor- ge Boabaid, as startups vão desempenhar um papel fundamental como catalisadoras de inovação. Como outras startups do sector, a Plantz acredita que o futuro da alimentação será guiado por três ei- xos: saúde, sustentabilidade e sabor. O desafio será conciliar tudo isso e fazer chegar aos consumidores uma solução que caiba na sua rotina, gosto e cartei- ra. Mais do que uma tendência, o plant-based é uma resposta a muitos dos desafios que enfrentamos en - quanto sociedade. E é ao desafio ambiental que a Ecoceno quer dire - tamente responder, ao eliminar o descartável na restauração. Fundada a partir da experiência da Embal, uma das principais fábricas de embalagens de uso único para take-away em Portugal, a Ecoce- no nasceu com um propósito claro: transformar o atual modelo de embalagens de uso único. A operar desde o início de 2023, a Ecoceno dis- ponibiliza vários tipos de embalagens reutilizáveis, entre recipientes de diferentes capacidades, caixas para pizza e sacos de transporte. O seu fundador, Afonso Vieira, descreve-a como “agnóstica” ao tipo de embalagem ou de formato, já que não tem um único modelo de funcionamento. Antes, adapta-se a diferentes realidades com soluções diversas, mas sempre com um elemento central: a rastreabilida- de das embalagens. E nesse processo, existem várias formas de o fazer, “sendo que, normalmente, se recorre a um incre - mento de tecnologia nas embalagens: RFID, NFC, código QR ou até código de barras” , detalha. O objetivo, diz Afonso Vieira, é sempre o mesmo: saber que uma embalagem deixou de estar na posse de A — um res- Ecoceno: o take-away de sempre, numa embalagem com futuro

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