Grande Consumo N.º 93

alimentar

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várias localizações em simultâneo, o que é crítico para cadeias e grupos com mais de um ponto de venda. Por detrás da SARA está uma equipa que conhece bem os desafios reais das cozinhas e das unidades de produção, nomeadamente a fundadora, Ângela Leal, engenheira de formação. É esse conhecimen- to de causa que torna a solução tão eficaz, já que foi desenhada para resolver dores reais e não para impressionar investidores com jargões técnicos. A “humanização da marca SARA”, um acrónimo de Sis- tema de Automação e Registo Alimentar, é também “fundamental para promover a proximidade das equipas com os controlos necessários” e garantir a disponibili- zação de alimentos seguros para consumo. “Mais do que uma plataforma, a SARA é vista como um membro da equipa, facilitando a adesão às boas práticas de segu - rança alimentar”, assegura Ângela Leal. A SARA já é usada em dezenas de clientes de res- tauração, hotelaria, cantinas escolares e indústria alimentar, com foco na simplicidade e usabilidade. A startup integrou programas de aceleração e tem vindo a colaborar com especialistas em segurança alimentar, associações do sector e empresas tecno- lógicas. No fim, a missão da SARA vai além da con - formidade. “Queremos ajudar a criar uma verdadeira cultura de segurança alimentar em Portugal — onde o controlo não é visto como uma obrigação, mas como um pilar da qualidade e da confiança”. A startup acredita que a digitalização do HACCP será, em breve, a norma e quer liderar essa tran- sição com ética, robustez e sentido prático. “Com a crescente preocupação com o impacto ambiental e a segurança dos alimentos, espera-se um crescimento na procura por soluções digitais que otimizem recursos e re - duzam desperdícios. A SARA HACCP posiciona-se como uma dessas soluções, combinando tecnologia, eficiência e sustentabilidade para apoiar as empresas do sector ali - mentar a prosperarem num mercado em constante evolu - ção” , conclui Ângela Leal. Dar estrutura às ideias corajosas Startups como estas mostram que é possível criar va- lor económico e ambiental simultaneamente, ape- sar dos obstáculos reais que se colocam ao ecossis- tema empreendedor em Portugal, nomeadamente, o acesso a financiamento, as barreiras regulatórias, a escala de produção e a integração com o retalho. “O futuro da alimentação é complexo” , diz o fundador da Delância. “Mas se há algo que as startups fazem bem, é resolver problemas com criatividade e agilidade”. No centro desta revolução estão estruturas como a Unicorn Factory Lisboa, plataforma de aceleração e incubação de startups que tem desempenhado um papel determinante na emergência de soluções disruptivas no sector alimentar. Com sede no Hub Criativo do Beato, quer “ser o lugar onde ideias corajo- sas ganham estrutura” , convicta no poder das startups para transformar sectores complexos.

Investimento em startups portuguesas sobe 148%

O ecossistema de startups em Portugal deu sinais claros de recuperação em 2024, de - pois de dois anos consecutivos de retração. De acordo com o “Portuguese Startup Scene Report 2024”, elaborado pela Armilar Venture Partners, o número de rondas de investimento anunciadas cresceu 24% face a 2023 e o vo - lume total investido disparou 148%, ultrapas- sando os 500 milhões de euros. Este crescimento reflete o novo ciclo de oti- mismo nos mercados tecnológicos globais, impulsionado pela popularização da inteli - gência artificial generativa, pela melhoria das condições monetárias na Europa e Estados Unidos e pelo regresso, ainda que cauteloso, dos investidores ao mercado português. A participação de investidores internacionais intensificou-se, tendo estado presentes em 43 rondas de financiamento, das quais 16 fo- ram exclusivamente protagonizadas por capi - tais estrangeiros e 27 em regime de coinvesti - mento com fundos nacionais. No total, foram captados 128 milhões de euros em capital in- ternacional para startups portuguesas. Em paralelo, os fundos nacionais registaram um desempenho histórico, com um recorde de 148 milhões de euros investidos sem qual- quer envolvimento de parceiros estrangeiros, reforçando o papel central do capital de risco português na retoma do sector.

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