Nº 51 - Revista Economistas - Março

Agora, imagine que essas horas fossem incluídas no ciclo de trabalho produtivo e, portanto, remuneradas. Você seria capaz de mensurar quanto de recurso financeiro as mulheres estão gerando para o sistema econômico produtivo? A Think Olga fez essa conta em 2021. Se todas as horas dedicadas ao cuidado fossem remuneradas, o trabalho realizado pelas mulheres geraria 10,4 trilhões de dólares por ano (seria o

4º maior PIB do mundo, com valor 24 vezes maior do que a economia gerada pelo Vale do Silício anualmente). Entretanto, todo este potencial financeiro gerado pelo trabalho do cuidado ainda está longe de ser absorvido e inserido no PIB por não ser

cuidado mostram as disparidades competitivas que elas enfrentam para se manter ativas e produtivas economicamente. Todavia, em um mundo cada vez mais dependente do trabalho de cuidado, as atividades não remuneradas desempenhadas pelas mulheres são fundamentais para a manutenção e sustentação da economia, permitindo que o sistema econômico produtivo opere da forma como conhecemos. Isso ocorre porque sem o cuidado não há produção. O cuidado é, por si só, um trabalho produtivo (exige tempo, possui técnica e é um serviço que gera valor). Por isso, relaciono os fatores apresentados por Goldin com um outro campo de estudos chamado “Economia do Cuidado”, para entender os motivos pelos quais continuamos desperdiçando recursos financeiros cruciais, gerados pelas mulheres, em nossa sociedade. É difícil indicar quem criou o termo “Economia do Cuidado” (Care Economy), pois diversas pesqui- sadoras ao redor do mundo problematizam o enten- dimento sobre cuidados em suas diferentes áreas de conhecimento e perspectivas epistemológi- cas, com estudos que perpassam as décadas de 1960 a 1990. A Economia do Cuidado é um importante instrumento de reconhecimento e valorização do trabalho realizado pelas mulheres visando à sustentação da vida e do bem-estar de todas as pessoas. Segundo pesquisa da Think Olga, as mulheres dedicam, em média, 61 horas por semana para trabalhos de cuidado (que não são remunerados).

Estudos já apontam que essa sobrecarga de atividades realizadas pelas mulheres está ocasionando prejuízo à saúde física, mental e emocional delas, com o aumento do nível de exaustão e cansaço e, consequentemente, improdutividade."

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