Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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comunicativas" (Bolognini 2016, p .110). Como uma dimensão psíquica ampliada, isso reflete a influência recíproca de duas mentes, que é experienciada internamente. Em seu uso técnico, quando o diálogo analítico é experienciado como interpsíquico, ele ganha uma "eficácia nova e mais específica, primeiro em conter para então simbolizar" (Bolognini 2004). Este pensamento foi elaborado dentro de muitas e divergentes escolas psicanalíticas contemporâneas, incluindo os neo-Kleinianos e neo-Bionianos, cujo trabalho interpsíquico consiste principalmente em focar na disposição em receber identificações projetivas (Steiner 2011, Pick 2015). Esta linha de pensamento se conecta com uma vertente do pensamento francês inter- subjetivo, que foca na comunicação inconsciente através de mensagens enigmáticas, na atenção a não violação do espaço do paciente, na subjetividade do analista, e na sua capacidade representacional e simbólica sendo posta à disposição da subjetividação, representação e simbolização do paciente. Dentro do contexto da contratransferência, um exemplo pode ser o de Faimberg (1992, 2005, 2012, 2013, 2015) de uma posição contratransferencial de escuta clínica descentrada, também conhecida como a escuta da escuta , que consiste em acompanhar de perto como o analista escuta o que o paciente ouviu e disse (e vice-versa), levando a inúmeras surpresas, como um guia para entender o estado de receptividade e representação simbólica do paciente. O conceito de experiência atuada compartilhada de Jaqueline Godfrind-Haber e Maurice Haber (2009) constitui uma entidade interpsíquica de uma ‘ imagem de ação’ vivida, ainda não simbolizada em palavras, mas que contém capacidade simbólica. O salto simbólico do potencial para a realização, do registro de ação ao registro de pensamento, pode ser realizado através da participação contratransferencial do analista. Da mesma forma, o trabalho de René Roussillon (2009) traça como a ação e o corpo dos pacientes expressam eventos - mensagens da sua história pré-verbal. A transmissão interpsíquica no nível de transferência-contratransferência pode facilitar o tornar-se parte da ‘vida psíquica’. Partindo de diferentes ângulos, Green (2000), Aulagnier (2015), de Mijolla-Mellor (2015/2016) e outros enfatizam o ajuste fino do analista ao fluxo interpsíquico e/ou inter-subjetivo da comunicação inconsciente, como um pré-requisito vital para a ‘co- re- construção’ analítica e historização do trauma precoce do paciente, e a recuperação de sua capacidade simbólica para que qualquer interpretação possa ter um significado. Nos EUA e em todo o mundo, a visão de ‘ duas pessoas’ , ‘ inter-sistêmica’ também foi declarada por analistas com bases em estudos da infância, teoria sistêmica e psicologia do self. Os estudos contemporâneos na infância sobre a regulação mutua de afetos e infusão de afeto (Tronick, 2002) pode ser especialmente relevante para o foco clínico da transmissão interpsíquica. Aplicada ao trabalho clínico com adultos, muitos autores (Nahum, 2013) salientam a criação conjunta das regras implícitas do processo psicanalítico. No entanto, eles minimizam os conceitos de transferência e contratransferência, enfatizando os encontros facilitadores entre paciente e analista. Embora, recentemente, em muitas escolas contemporâneas, o uso explícito, a menção explícita do conceito ‘contratransferência’, possa não aparecer em primeiro plano, não significa que a contribuição do lado pessoal do analista tenha perdido o foco, pelo contrário: o ‘ entrelaçamaento ’ do paciente e do analista é hoje uma das principais perspectivas da

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