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• Uma série de dramas, muitas vezes subtis, inconscientes, interactivos e mutuamente construídos e que são experienciados (Levine e Friedman, 2000, p.73); Loewald, 1975). Aqui, enactment é utilizado para designar uma espécie de intersubiectividade, uma vez que o analista é visto como um co-creador do que acontece entre as duas partes. • Qualquer expressão dramática de uma ruptura transferencial/contratransferencial de uma troca analítica contentora e fluída (Ellman 2007), estendendo-se potencialmente para lá da situação analítica (Chused, Ellman, Renik, Rothstein, 1999), pode ser comunicada verbal ou não verbalmente (v. abaixo o ‘enactment interpretativo’ de Steiner, 2006a). Na América Latina esta pluralidade conceptual foi reduzida, devida à influência histórica adicional de autores como Racker (1948, 1988), Grinberg (1957, 1962) e Baranger e Baranger (1961-1962), e os estudos adicionais contemporâneos de Cassorla (2001, 2005, 2009, 2012, 2013, 2015), Sapisochin (2007, 2013) e outros. • O entendimento contemporâneo que predomina acerca do Enactment na América Latina inclui fenómenos em que o campo analítico é invadido por descargas e/ou comportamentos que envolvem tanto paciente como analista. Os enactments surgem da indução emocional mútua, sem que os membros da díade analítica se apercebam claramente do que está a acontecer. Os enactments reflectem situações passadas em que a simbolização verbal era deficiente e, quando surgem palavras, estas são utilizadas de forma limitada e concreta. Os enactments são modos de recordar relações primitivas através de comportamentos e sentimentos que fazem parte de organizações defensivas (v. abaixo as diferenças entre enactment agudo e enactment crónico). A concepção europeia do termo enactment está mais próxima versão latino-americana do que da norte-americana, visto que o conceito se restringe mais à sessão analítica. No entanto, para alguns psicanalistas europeus o conceito difere da versão latino-americana em que o enactment se trata não tanto de uma co-criação de paciente e analista, mas sobretudo o resultado da interacção entre os dois. São também bastante comuns as referências ao enactment no âmbito da contratransferência ou do acting-out . • Por exemplo, a perspectiva de Steiner (2006a) de “enactment interpretativo” relaciona-se com a comunicação verbal do analista, e exprime a ideia de que a verbalização exprime os sentimentos e atitudes contratransferenciais do analista. A visão que predomina acerca dos enactments relativamente à interpretação psicanalítica, em todas a três culturas psicanalíticas continentais, é de que, seja qual for a formulação dos processos e conteúdos subjacentes, os enactments – uma vez que se relacionam com a situação analítica - são tidos como tendo significado desenvolvimental e/ou dinâmico e necessitam ser compreendidos e, em última análise, interpretados, se bem que de modo gradual e individualizado (Papiasvili 2016).
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