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embora fazendo distinção entre os dois conceitos, consideram que eles podem coexistir no contexto clínico, desde que ocorram em momentos diferentes do processo analítico (Ponsi 2013). De acordo com Sapisochin, os enactments do par analítico são a estrada real para o insight acerca do inconsciente reprimido; este inconsciente, apesar de não representável verbalmente, está na forma de registos imaginários de experiência emocional, a que o autor chama “gestos psíquicos” (Sapisochin 2007; 2013; 2014; 2015). A maior parte dos autores europeus pensa que o enactment do analista é uma consequência do acting-out ou enactment do paciente. Consequentemente, enactment descreve um facto não só ligado ao analista, mas também ao paciente; e possivelmente, entre alguns analistas europeus, utiliza-se preponderantemente o conceito tanto para o analista como para o paciente. Apesar de alguns autores, referindo-se a este último, falarem da “pressão” ou “actuação” do paciente no sentido de levar o analista ao enactment. Também consideram o enactment , pelo menos parcialmente, como algo inevitável antes de se compreender o que está a acontecer entre paciente e analista (Pick: 1985: Carpy: 1989; O'Shaughnessy: 1989; Feldman: 1994; Steiner: 2000, 2006a). Na psicanálise francesa, o termo acting out (que se traduz como ' passage a l’acte’ – Mijolla: 2013) (NT: em francês no original) é bastante comum, enquanto o termo enactment é raramente usado. No entanto, são tidas em conta situações analíticas similares ao que, noutras comunidades psicanalíticas, se descreve como enactment: habitualmente são definidas utilizando-se expressões como ' mise en scène’ ( Nota do tradutor: encenação em português ) ou ' mise en jeu’ ( NT: colocar em jogo em português). Gibeault (2014) usou o neologismo énaction para descrever um tipo de actuação em comportamentos e palavras dotada de uma capacidade transformadora através de uma “empatia enactiva” (NT: enactive empathy no original em inglês) ( empathie énactante ) contratransferencial. Os italianos De Marchi (20009 e Zanocco et al. (2006) veêm também a empatia, mais precisamente a “empatia sensorial” (NT: sensor empathy no original em inglês), pertencendo à área do vínculo primário, como um instrumento básico de comunicação próximo do enactment . Green (2002) considera a énaction como um ataque ao setting . Também na área da língua francesa, os autores belgas Godfrind-Haber e Haber (2002) escrevem extensamente sobre um conceito relacionado com o enactment em L’Experience Agie Partagée (“Experiência agida partilhada”), que sublinha o valor da “acção intrapsíquica inconsciente partilhada”. Pode ser vista como uma fase preparatória pré- simbólica, durante a qual o paciente pode dar um salto simbólico no sentido de recuperar a simbolização, de modo a que interpretações posteriores possam ser experimentadas como significativas. Desenvolvimentos do conceito de contratransferência entre os psicanalistas europeus envolvem descrições de reacções inadequadas, por parte do analista, à pressão da transferência do paciente. O conceito de identificação projectiva permite compreender a dinâmica destes processos. Sandler, com o seu contributo da responsividade ao papel, e B. Joseph, ao aprofundar a relação paciente-analista com o conceito de “situação de transferência total”, são alguns dos autores que descrevem fenómenos próximos do enactment. Steiner clarifica a relação entre contratransferência e enactment : “Penso na disponibilidade emocional e
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