Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

Retornar ao sumário

(super)ego dos membros do grupo, libertando-os das restrições morais da expressão de seus impulsos instintivos, particularmente aqueles de tipo agressivo, e processos identificatórios mútuos entre os membros e o líder, laços libidinais entre eles promovendo um senso de pertencimento e aumentando o senso de força; e Mal Estar na Civilização (Freud, 1930), com os membros do grupo desencadeando os anteriormente inconscientes impulsos agressivo- sádico-destrutivos contra os "outros" grupos , em primeiro plano. Apesar das formulações ou o foco da visão freudiana do Inconsciente de Grupo poder variar dependendo do estágio de desenvolvimento da teoria, a premissa básica permaneceu: a força motivadora por trás dos desenvolvimentos histórico-sociais, fracassos e sucessos da civilização tem sido o antagonismo entre as exigências da natureza instintual e as formações reativas restritivas, instituídas pela sociedade, levando a progressivas renúncias de atuação dos instintos (ambos o agressivo e o erótico/ sexual). De acordo com essa visão, vários compromissos, mais ou menos bem sucedidos, ao longo da interação dinâmica recíproca entre os motivos inconscientes e conscientes, impostos pelos grupos, têm sido responsáveis ao longo da história tanto pelos resultados da mais elevada ordem, sublimatórios e benéficos, como pelos resultados destrutivos e malignos: escravidão, genocídios violentos, guerras, abusos e vitimizações. Contribuições de W. Bion (1961), Rice (1969) e Anzieu (1981), Kaes (2010, 2014) e Lebovici, Diatkine e Kestemberg (1958) desenvolveram as ideias de Freud sobre as fantasias primitivas ativadas pelo grupo e sobre primitivos processos projetivo-introjetivo- identificatórios específicos aos grupos, ao lado de modelos de identificação projetiva e/ou " realidade psíquica ”, e " espaço dinâmico intersubjetivo ". Bion (1961) postula que os impulsos primitivos afastados de sua fonte original através da identificação projetiva, contribuem para a formação de " pressupostos básicos de grupo ", regidos por " dependência ", "luta / fuga ", e mecanismos de “acasalamento ”, enquanto a função do "grupo de trabalho" é uma colaboração produtiva orientada pela realidade. Anzieu (1981) descreve várias fantasias do grupo, ilusões e imagens de ameaças orais e temores de aniquilação, como o " grupo é uma boca ", “ a quebra ”, e o “ grupo máquina ”, refletindo as estruturas mais precoces da mente e do nível psicótico da personalidade à medida que ela se manifesta no processo grupal. Kaes (2010, 2014) descreve o “modelo da realidade psíquica inconsciente do grupo”, consistindo de processos de interferência associativa, de um espaço onírico compartilhado e de alianças inconscientes . Neste complexo sistema metapsicológico intersubjetivo, a tríplice aliança de natureza fundamentalmente narcisista é entre a Idéia, o Ideal e o Ídolo. Isso reflete a tirania da imagem materna onipotente e idealizada e o uso de vários mecanismos de defesa primitivos de clivagem/cisão, negação e recusa contra as ansiedades arcaicas. Estes e outros conceitos foram prontamente aplicáveis a grupos de terapia analítica, mas também a grupos organizacionais e institucionais. IV. Bb. Terapias Analíticas De Grupo As terapias analíticas de grupo aplicam as noções Freudiana e Bioniana de processos e conteúdos inconscientes desde o seu início, na era pós-Segunda Guerra Mundial, especialmente as orientações modeladas a partir de Slavson (1947), onde os fatores

183

Made with FlippingBook - Online catalogs