Retornar ao sumário
suas relações de objeto internalizadas constituintes (Joseph 1989; Klein 1928; Segal 1962; Segal and Britton 1981; Steiner 2005). Em marcado contraste com a psicologia do ego, Melanie Klein desenvolveu sua teoria das relações de objeto como uma expansão do entendimento de Freud de que o psiquismo é inatamente conflituoso. Um dos seus principais artigos sobre relações de objeto é de 1935, o que coincide cronologicamente com o livro de Anna Freud, de 1936, e o artigo de Hartmann, de 1937 (publicado em 1939). Enquanto Anna Freud e Hartmann se concentravam nas características do ego e como ele se defendia contra o id, ao mesmo tempo que se adaptava à realidade externa, Klein explorava as profundezas do mundo interno e sua interação com o mundo externo, ampliando a visão de Freud sobre o superego. É interessante acompanhar a divergência entre os Freudianos da psicologia do ego e os Freudianos das relações de objeto em inúmeros artigos escritos na década de 50. Primeiro, em 1952, no Congresso Internacional de Psicanálise, foi organizado um simpósio sobre ‘As influências mútuas no desenvolvimento do Ego e do Id’. Naquela ocasião, Klein disse: “Uma vez que o desenvolvimento do ego e do superego está ligado com os processos de introjeção e projeção, eles estão intrinsicamente conectados a partir do externo, e uma vez que o desenvolvimento de ambos é influenciado vitalmente por impulsos instintuais, todas as três regiões da mente estão, desde o começo da vida, em íntima interação. Dou-me conta que ao falar aqui das três regiões da mente, me distancio do tópico sugerido para a discussão; mas para mim é impossível, a partir da minha concepção de primeira infância, considerar exclusivamente a influência mútua entre o ego e id” (Klein, 1952, p.59). Portanto, enquanto a psicologia do ego se concentrava, sobretudo, na relação do ego com o id e na sua adaptação ao mundo externo, a teoria de relações de objeto de Klein se concentrava, primeiramente, na relação do ego com o superego e como esta era determinada pela conexão formativa entre os impulsos instintivos e os objetos internos do superego. Muitos anos depois, David Rapaport (1957) comentou esta diferença: “Desde a introdução da teoria estrutural por Freud, interesses teóricos se concentram na psicologia do ego e negligenciam a exploração do superego” (Rapaport, 1957/1977, p.686). A teoria de Klein teve seu primeiro ponto de demarcação em seu artigo de 1928, significantemente intitulado “Estágios iniciais do Conflito Edipiano”. Referindo-se ao conceito de complexo de Édipo de Freud como um ‘conflito’, ela teorizou que o complexo de Édipo, como descrito por Freud, – para ele ocorre durante a fase fálica, entre 3-5 anos de idade – tem precursores complexos nos primeiros estágios psicossexuais, concentrados em questões orais e anais. Para Klein, o conflito Edípico começa no primeiro ano de vida e não há fase “pré- edípicas” ou “pré-conflitiva”. Isto coloca importantes problemas conceituais. Por exemplo, o Complexo de Édipo faz referência, essencialmente, a qualquer estrutura de relações triangulares, assim, desde o momento em que o bebê reconhece o pai junto da mãe há um triângulo. Entretanto, Hanna Segal (1997) aponta que tão logo o bebê toma uma decisão organizacional de separar as boas experiências com a mãe das que lhe causaram frustração, é criado um triângulo entre ele, a mãe boa e a mãe má. Klein chama esta forma de organização de cisão, que é uma das primeiras vias
35
Made with FlippingBook - Online catalogs