Dicionário Enciclopédico de Psicanálise da IPA

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existindo uma resposta “real” do analista ou do objeto. Abaixo, segue uma taxonomia abreviada de cinco etapas que levam a uma resposta continente adequada: 7. O ponto de partida pode consistir na identificação projetiva de um paciente (conteúdo aflitivo expulso/projetado no analista) associado à fantasia inconsciente do paciente sobre a existência de um objeto potencial indestrutível que seria capaz de "conter" aquelas projeções perigosas, podendo devolver para a criança (para o paciente) uma versão "tolerável" e "integrável" deste conteúdo; 8. Após o primeiro movimento “intrapsíquico”, o paciente, ou criança, acrescenta comunicações, atitudes e comportamentos infra verbais e verbais, atuando como induções emocionais em relação ao sujeito (analista, pais). Essas induções são tentativas de "sensibilizar o analista" para fazê-lo sentir e absorver o que é projetado. (Veja Grotstein, 2005); 9. O objeto “real” - a mãe, o analista - deve estar disposto a ser tocado, impressionado, movido, agredido, de fato usado de todas as maneiras necessárias à transferência de elementos arcaicos do paciente/criança; 10. A mãe, o analista - sente emoções, algumas conscientemente, mas principalmente inconscientemente, através de identificações. A mistura de tais identificações, e as ansiedades e conflitos "desencadeados" no analista/mãe, criam um auto(sujeito)-objeto de amálgama. De M'Uzan (1994) estudou este aspecto através do conceito de quimera; 11. Esta quimera deve ser “entendida e transformada” pelo analista. Este trabalho pode ser visto como uma "digestão psíquica", tanto das projeções do paciente/criança quanto dos próprios conflitos e afetos do analista/mãe mobilizados pela projeção. Ele deve então devolver um "conteúdo digerível", sendo que o perigo está em enviar/devolver ao paciente uma contra identificação projetiva. Na América Latina, Cassorla (2013) elaborou a função simbolizadora de continência do analista no contexto de enactments crônicos (ver ENACTMENT). Ele escreve sobre a capacidade de simbolizar como um produto contido na função-α simbolizadora implícita, que o analista usa durante enactments crônicos. Nesse contexto, a função-α implícita do analista é sua capacidade de tolerar (conter) os movimentos obstrutivos que invadiram o processo analítico, sem abrir mão de novas abordagens para a compreensão do que está ocorrendo, na preparação de interpretações futuras (dos enactments), se consideradas significativas pelo analisando.

V. CONCEITOS RELACIONADOS

O modelo Continente/ Contido foi desenvolvido em paralelo com outros conceitos de “espaço” da mente, que enfocam a necessidade de internalizar a função materna no

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