industrial. Tendo o Rio de Janeiro como palco deste momento histórico, há um processo de crescimento populacional acelerado, agravando mais ainda o problema habitacional, quando surgiram muitos cortiços, moradias precárias e em condições insalubres. A necessidade de uma cidade urbanizada e cosmopolita, na visão da elite na época, que sentia o declínio da economia fluminense, fez com que autoridades autorizassem a demolição do maior cortiço do século XIX. Em meio a esse processo, foi então que surgiu a primeira favela, chamada “Morro da Favela”, onde fica hoje o Morro da Providência, na cidade do Rio de Janeiro. Com as mudanças urbanas em curso, houve uma reorganização das bases
econômicas, onde os cortiços foram destruídos, o que expulsou a população preta e pobre daquele espaço revitalizado pelas autoridades. Assim, como alternativa mais viável financeira e geograficamente, devido à proximidade com local de trabalho, essa população passou a buscar moradia nas favelas, eventualmente em bairros do subúrbio. O crescimento das favelas acompanhou o boom do processo de industrialização, período em que as fábricas se espalharam próximas das linhas ferroviárias, bem como boa parte da mão de obra proletária. Ainda assim, a falta de políticas públicas voltadas para resolver a crise das moradias populares, a ausência de fiscalização das construções irregulares que surgiam e a
As favelas surgem em um contexto pós-abolição da escravatura, num período de transição da eco- nomia brasileira entre o final do século XIX e XX, deixando de ser uma economia mercantil-expor- tadora e passando a ser capitalista-industrial."
Economista graduada pela UERJ. Doutoranda em Economia pela UFF. Fundadora e coordenadora na Rede de Economistas Pretas e Pretos (REPP), militante do Movimento Negro Unificado (MNU) e ativista dos Direitos Humanos. Thais Custodio
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ABRIL A JUNHO DE 2023 | REVISTA ECONOMISTAS |
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