Nº 48 - Regime Fiscal Sustentável

(Petrópolis, Rio Bonito e Cachoeiras de Macacu), e, para efeito deste artigo, foram desconsiderados, mas foi considerado o município de Mangaratiba, que integrou a RM do Rio desde sua criação (1974) até 2002, e que mantém forte vínculo com a porção oeste do conjunto metropolitano. Dentre esses 19 municípios, foram identificados quatro que exercem a função de subcentros, polarizando os demais: Niterói, São

Gonçalo, Duque de Caxias e Nova Iguaçu (Quadro 1). No quadro também aparece Campo Grande, pois três municípios da Periferia Metropolitana (Seropédica, Itaguaí e Mangaratiba) estão sob sua influência, assim como distritos e bairros de Nova Iguaçu (o distrito do Km 32, e os bairros de Lagoinha e Marapicu, do distrito de Cabuçu), que, pela maior proximidade, buscam o comércio e os serviços de Campo Grande.

Quadro 01: Área Territorial, População e Renda nos Subcentros do Município e da Periferia Metropolitana

Fonte: IBGE, Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e cálculos do autor; (a) inclui bairros da RA

Campo Grande e sua hinterlândia: origem e consolidação do subcentro

Grande, sendo construída a paróquia de Nossa Senhora do Desterro (no Rio da Prata). Habitada basicamente pelos índios Picinguabas, era mero local de passagem da produção da Fazenda Santa Cruz pelo “Caminho dos Jesuítas”, mas gradativamente foi sendo ocupada por donatários que estabeleceram enormes latifúndios, iniciando o cultivo da cana-de-açúcar. Em 1757 a paróquia foi transferida para sua localização atual e um pequeno casario se formou à sua volta. Em 1759, com a expulsão dos jesuítas, a Fazenda de Santa Cruz foi expropriada pela Coroa Portuguesa. Em 1763, o Rio de Janeiro, principal porto exportador do ouro das Minas Gerais, tornou-se a capital da colônia. Tinha 30 mil habitantes, que aumentou para 40 mil em 1797, sendo que 3.566 habitavam a Freguesia de Campo Grande (56% ou 2.004, escravizados). Em 1824 já eram 100 mil no Rio, sendo 5.200 em Campo Grande. Desde 1760 se cultivava café na Fazenda Mendanha e na década de 1830, com a limitação de terras no município, se deu a expansão do café para o Vale do Paraíba. Duas décadas

Ainda antes da fundação do Rio de Janeiro, em 1565, portugueses e franceses rondavam pelo atual litoral fluminense desde 1502, incluindo a região da baía de Sepetiba e seu “sertão”. Em 1556 foi criada a sesmaria de Santa Cruz, posteriormente doada aos padres jesuítas que ali estruturaram a Fazenda Santa Cruz, a maior da capitania, indo até o vale do Paraíba, compreendendo, no século XVIII, milhares de escravos, gado e plantações de cana-de-açúcar, arroz, feijão e milho. Os padres realizaram obras de drenagem e irrigação e abriram o “Caminho dos Jesuítas”, ligando a Fazenda Santa Cruz ao Campo de São Cristóvão, atravessando a região “dos campos grandes”, vasta área entre os maciços da Pedra Branca e do Gericinó. Em 1644, foi criada a Freguesia de Irajá, compreendendo a região “dos campos grandes”, e em 1673 sua porção oeste foi desmembrada de Irajá e constituída a Freguesia de Campo

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ABRIL A JUNHO DE 2023 | REVISTA ECONOMISTAS |

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