Nº 48 - Regime Fiscal Sustentável

O então Distrito Federal produzia 260 mil tonela - das/ano de laranja, 20% do total nacional, e qua - se 90% eram produzidos na região de Campo Grande. As exportações de laranjas pelo Brasil oscilavam entre 100 mil e 200 mil toneladas/ano, sendo que entre 60% e 80% saíam pelo porto do Rio, com Campo Grande respondendo por 40% do total exportado pelo porto. Tal situação de des- taque lhe valeu o epíteto de Citrolândia. A região também respondia por mais de 80% da produção de bananas do Distrito Federal (180 mil tonela - das/ano). Vinte anos depois, início dos anos 60, a produção de laranja tinha caído mais de 40%, e a de banana, quase 20%, substituídas por mandio - ca/aipim, batata-doce, chuchu, coco e hortaliças. Isso decorreu do fato das propriedades rurais vi- rem se fragmentando, originando propriedades

depois, tal dispersão demandou a implantação e rápida expansão da malha ferroviária. Após chegar à Baixada Fluminense em 1858 e atingir Barra do Piraí em 1864, os trilhos da EF Central do Brasil chegaram em 1878 a Bangu, Campo Grande e Santa Cruz, propiciando maior expansão populacional e comercial. Em 1890 a capital contava com 522,6 mil habitantes, sendo que 15.950 em Campo Grande (incluindo Bangu), 12.654 em Guaratiba e 10.954 em Santa Cruz, num total de 39.558 em toda a Zona Oeste. Em 1894 houve a introdução de linhas de bonde a tração animal, ligando a estação ferroviária às localidades do Rio da Prata, Ilha e Pedra de Guaratiba, consolidando Campo Grande como principal centro comercial da região. Neste período intensificou-se o fluxo mi -

rurais menores que, posteriormente, de- ram origem a peque- nos loteamentos. A população saltou de 359 mil habitantes em 1960 (7,4% do total metropolitano) para 1,92 milhão em 2020 (15,1%), tornando-se o mais populoso entre os subcentros da me- trópole carioca.

gratório e a insta- lação de indústrias no Rio, notadamente a têxtil e a de alimen- tos, período em que ocorreu a implan- tação do Matadou- ro de Santa Cruz, o maior da América Latina (1881) e a Fábrica de Tecidos Bangu, a maior do país à época (1889). Em 1905 a popu - lação da capital su-

"A população saltou de 359 mil habitantes em 1960 (7,4% do total metropolitano) para 1,92 milhão em 2020 (15,1%), tornando-se o mais popu- loso entre os subcentros da metrópole carioca."

Nesse período parte da antiga Estrada Real de Santa Cruz foi incorporada à Estrada Rio-São Paulo, atual BR-465 (1928). Contudo, a abertura da via Dutra em 1951, nova ligação entre as duas metrópoles nacionais, provocou queda no fluxo dessa via, afetando a economia local. Em compensação, em 1957 foi iniciada a abertura da Rio-Santos, cortando Guaratiba de leste à oeste e alcançando Santa Cruz, Itaguaí e Mangaratiba e, em 1959, a Avenida Brasil, implantada em 1946 até Deodoro, foi estendida até Campo Grande, chegando à Santa Cruz em 1965. Com a ampliação das conexões viárias, Campo Grande (incluindo Guaratiba), saltou de 50 mil habitantes em 1940 para 120 mil em 1960, dobrando para 230 mil em 1970. Em virtude de sua relativa autonomia econômica, tamanho e distância do centro do Rio,

bira para 800 mil, época da reforma urbana e de aumento da implantação de indústrias nos su- búrbios ao longo das vias férreas. Em 1915 os bondes puxados por burros foram substituídos pelos bondes elétricos, reforçando a centralidade de Campo Grande. Se na metade do século XIX e início do XX a região oeste era importante produtora de café e de cana-de-açúcar, a partir de 1920 essas cultu - ras começaram a perder relevância, substituídos pela cultura da laranja, período em que as regiões de Campo Grande e de Nova Iguaçu, na Baixa- da Fluminense, lideravam a produção nacional. Em 1940, a região de Campo Grande (com Gua - ratiba, Sta Cruz e Bangu/Realengo) possuía 75% dos 8.000 estabelecimentos rurais do município e ocupava 80% dos 48,6 mil hectares cultivados.

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| REVISTA ECONOMISTAS | ABRIL A JUNHO DE 2023

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