Nº 51 - Revista Economistas - Março

ARTIGO

A economia é uma ciência androcêntrica

POR KELLEN BRITO

Enquanto pesquisadora em Economia Feminista e docente de um curso de Ciências Econômicas, o en- sino de economia e gênero apresenta dois pontos nevrálgicos: 1) a própria questão de gênero do curso de Ciências Econômicas em uma sociedade mas- culinista; e 2) a aplicação de um olhar de gênero no ensino do conteúdo da economia. O primeiro ponto diz respeito à participação das mulheres em cursos de economia. Na Universidade Federal do Piauí, onde sou docente com dedicação exclusiva desde 2016, um padrão vem se repetindo nos últimos anos: dois terços dos discentes são homens, enquanto apenas um terço é composto de mulheres. Dada essa distribuição, entendo haver fatores que afetam o processo de escolha do curso de economia por mulheres. A associação das ciências econômicas à matemática e às finanças é um deles. A sociedade como um todo, endossada pela própria ciência econômica, diga-se de passagem, inculca nas mulheres uma dita inabilidade para lógica e matemática, minando a confiança delas em conquistar competências plenamente adquiríveis por qualquer ser humano. Com relação ao mercado financeiro, outra ideia comumente difundida é de que mulheres não teriam perfil para atuar nesse setor, caracterizado como

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