Nº 51 - Revista Economistas - Março

O desafio de tratarmos a pauta da diversidade, tanto de gênero quanto a racial, surge não como um assunto da moda ou que tenha seu impacto passageiro, mas como uma mudança estrutural de médio e longo prazo, visto que o cenário atual também não foi construído de um dia para o outro."

Aprendi, ao longo de mais de quatro décadas de trajetória profissional exclusivamente dedicada a um dos grupos empresariais mais bem sucedidos da economia brasileira, a transformar os desafios em oportunidades, superar barreiras e usar a sabedoria acumulada para impactar positivamente as empresas desse grupo econômico, pelas quais tive o privilégio de transitar. Vale destacar que o grupo possui uma estrutura de gestão familiar e, como acontece na maioria das grandes empresas, tem uma presença altamente masculinizada em suas mesas de reuniões. Mesmo neste cenário, pude criar meus três filhos, o que se mostra, atualmente, uma exceção dentro da realidade de muitas mulheres, que se veem “obrigadas” a escolher entre carreira e família - um dilema que não deveria existir e que, normalmente, não tem impacto nas decisões da grande maioria das lideranças masculinas. Orgulho-me e celebro muito esta minha tra- jetória, não apenas por ser uma conquista pes- soal, mas sim um passo dado em direção à desconstrução de estereótipos arraigados, por poder abrir portas para que outras mulheres, es- pecialmente, mulheres negras, também possam seguir seus sonhos. Cada projeto, cada decisão tomada em salas de reuniões, me trazia o peso da responsabilidade de representar não apenas a mim mesma, mas toda uma comunidade que anseia por igualdade de oportunidades.

Aprofundando-se na carreira de economista aqui no Brasil, a questão de gênero transcende o simples acesso às oportunidades; ela se estende à conquista de posições de liderança e ao reconhecimento pleno do valor intelectual feminino, a despeito de situações mais corriqueiras do que esperamos, como o enfrentamento a diversos modos de assédios, remuneração e oportunidades de planos de carreiras desiguais. Diversidade deve ser a norma e não a exceção. Ser diverso é a base da nossa sociedade, um alicerce da própria humanidade. Padrões são muito válidos quando tratamos de números, fórmulas matemáticas, cálculos. Quando tratamos de pessoas, as diferenças enriquecem as experiências compartilhadas. Encorajo todas as mulheres, em especial, a mulher negra, a não apenas buscar espaço, mas a criar espaços nos quais suas vozes e ideias sejam ouvidas e valorizadas. Em razão disto, cito referencias como: Jandaraci Araújo (conselheira fiscal, co-fundadora Conselheiras101), Rachel Maia (empresária e conselheira adm. Vale), Viviane Elias Moreira (especialista em gestão de risco, crises e continuidade de negócios, certificada pelo British Standards Institution), Monica Marcondes (economista, executiva do Banco Santander, integra a diretoria-executiva do Instituto Adus), desejando que sejam cada vez mais comuns dentro dos boards de decisão das grandes empresas. Enalteço aqui o Cofecon e Corecon-SP,

54

Made with FlippingBook interactive PDF creator