Nº 48 - Regime Fiscal Sustentável

Artigo

O dreno financeiro

Por Ladislau Dowbor

Os diferentes números básicos da economia são oficiais e conhecidos, publicados por toda parte, mas é preciso juntá-los para ter a imagem global. Não há mistérios. O nosso PIB é da ordem de 10 trilhões. A população é de 220 milhões. Isso representa 15 mil reais por mês por família de quatro pessoas. Podemos preferir Renda Nacional Líquida em vez do Produto Interno Bruto, ou fazer outros ajustes, mas o básico é que o que o Brasil produz em bens e serviços é amplamente suficiente para assegurar a todos uma vida digna e confortável, bastando para isso redistribuir alguns porcentos das maiores fortunas do país. Sem igualitarismo opressivo, apenas reduzir o absurdo. Ou seja, o

Brasil não é um país pobre, é um país desigual. O que, por sua vez, significa que o nosso desafio não é propriamente econômico, no sentido de falta de recursos, mas de organização política e social. É um país rico, impressionantemente mal administrado. Um segundo ponto importante é que não há problema de dimensão do Estado. A participação do setor público é da ordem de 34% do PIB, proporcionalmente menor do que nos países da Europa Ocidental, e bem menor do que nos países nórdicos, mas numa média razoável. Esse aspecto é importante, pois nos países que se desenvolvem de maneira equilibrada, o que pode envolver desde o Canadá até a China ou a Coreia

Foto: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

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| REVISTA ECONOMISTAS | ABRIL A JUNHO DE 2023

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