Nº 48 - Regime Fiscal Sustentável

Artigo

O sistema financeiro nacional - dinamismo e concorrência - o papel do governo

Por Cézar Manoel de Medeiros

As abordagens que procuram explicar a importância dos bancos, ou dos conglomerados financeiros, como motores do desenvolvimento econômico e da redução das desigualdades regionais e sociais são aqui destacadas, em lugar do enfoque que os consideram meros intermediários de fluxos financeiros inerentes à circulação de mercadorias e/ou entre poupança e investimentos. Enquanto para Schumpeter os bancos são considerados como o estado-maior do sistema capitalista na promoção do desenvolvimento econômico, para Hilferding os bancos comerciais com atuação como banco de investimentos são considerados Bancos Universais. Eles surgiram na Alemanha, mas foram também utilizados em países de industrialização tardia, como Japão e Coreia do Sul, onde os bancos comerciais passaram atuar com carteiras de fomento, inclusive, com parcerias acionárias cruzadas entre bancos, empresas, indústrias e tradings comerciais. Medeiros, C.M. (prêmio IPEA 2007) consi - dera como Bancos Universais Contemporâneos os conglomerados financeiros que atuam em todos os segmentos: banco comercial, banco de investimento, seguros, administração de previ- dência privada, seguridade social, distribuidora e corretora de valores mobiliários, comércio exte- rior e tradings próprios, entre outras atividades. O sistema financeiro brasileiro vem experimentando significativas transformações desde 1965 quando da criação do Banco

Central. Tem acumulado crescentes lucros e bens patrimoniais, conseguido significativo crescimento de sua participação na renda nacional e consolidado os movimentos de intermediação e de diversificação e de concentração bancário- financeira, de atuação em todos os segmentos financeiros monetários e não-monetários, de crescimento vertical e/ou de expansão horizontal. Em outras palavras, os grandes e complexos conglomerados financeiros, ou Bancos Universais Contemporâneos, atuam em todos os segmentos do mercado financeiro- monetário e não-monetário – com carteiras de banco comercial; de banco de investimentos; de leasing; de financeira; de crédito ao consumidor; de crédito imobiliário; de administração de planos de saúde; de aposentadoria complementar; de seguros; etc. Logo, estão plenamente capacitados ao exercício da centralização da movimentação financeira e reúnem plenas condições para comporem um mix de captação de recursos que viabiliza aplicações em empréstimos de curto, de médio e de longo prazos, bem como aquisições de títulos mobiliários (debêntures, participações acionárias em empresas não-financeiras e em investimentos próprios, etc), sem prejuízo de adequados níveis de liquidez. As empresas não-financeira s, em con- trapartida, não acumulam fundos operacionais e lucros excedentes suficientes para financiar, na velocidade requerida, suas estratégias de in- vestimentos em inovações tecnológicas e na expansão e na diversificação de sua capacida -

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| REVISTA ECONOMISTAS | ABRIL A JUNHO DE 2023

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